Neste trimestre (jul/ago/set 2012) o Grupo de Estudos do Movimento de Mulheres está com a pauta "Autonomia Financeira". Nas últimas reuniões temos discutido o por que da inserção tão rápida das mulheres no mercado de trabalho nos últimos anos. Na reunião do dia 12/08/12 refletimos sobre alguns pontos positivos e negativos deste processo. O texto produzido na reunião você confere a seguir:
O que levou as mulheres a trabalharem fora de casa?
O custo de vida alto
obriga as mulheres a terem renda para dar condições mínimas de sobrevivência a
seus dependentes. Desta forma assumem uma função que há poucos anos atrás era
considerada dos homens. Poucas são as pessoas que conseguem sustentar a família
somente com a renda de uma pessoa da casa. Outras variáveis, como novas
configurações familiares, criaram também a necessidade da inserção da mulher no
mercado de trabalho.
Todo este processo de
modificação das funções consideradas masculinas e femininas têm uma série de
causas, uma delas é a necessidade de mão-de-obra nas fábricas a partir da industrialização. A compreensão da
necessidade de mudança da papéis definidos não acompanhou o real processo,
desta forma o trabalho remunerado feminino é considerado um complemento da
renda masculina e o trabalho doméstico ainda é de responsabilidade das
mulheres.
A necessidade imposta
pela sociedade para as mulheres entrarem no mercado de trabalho, que implicou
na reconfiguração de suas funções, não foi recíproca em relação aos homens.
Assim, além de trabalhar fora de casa, elas ainda são consideradas como
responsáveis pelo cuidado da casa e d@s filh@s, acumulando funções,
sobrecarregando seu corpo e prejudicando sua saúde. Além disso, acompanham com
menos frequencia o desenvolvimento d@s filh@s, o que pode acarretar na perda de
confiança por d@s mesm@s que procuram conforto nas pessoas com quem tem mais
convivência.
Todos este fatores
estão ligados a um único culpado: O CAPITALISMO. O sistema capitalista é
baseado no lucro, por isso todas as coisas são trocadas por dinheiro que pode
ser acumulado por alguém. No capitalismo o dinheiro é acumulado nas mãos de
poucos, sendo capaz de deixar 90% da população sem condições de sobrevivência
se não fazer horas dobradas de trabalho para poder sustentar-se e sustentar sua
família.
Mas somente com a
inserção das mulheres no mercado de trabalho que foram possíveis algumas
conquistas materiais e subjetivas. A organização da sociedade de 300 anos atrás
não considerava que as mulheres eram necessárias para além do cuidado maternal
e satisfação sexual de seus maridos e proprietários. Por ser dependente
financeira do pai ou do marido, a mulher tinha poucas chances de conseguir
libertar-se desta condição de escravidão. Somente com a possibilidade de ter
uma independência financeira, a partir do trabalho remunerado, que vislumbrou
sua liberdade parcial. Este fator desencadeou em várias outras conquistas
políticas para as mulheres.
Portanto, este fator
apresenta pontos positivos e negativos, pois ao mesmo tempo em que a mulher é
vítima de uma condição precária de vida que a obriga a assumir muitas responsabilidades
além das de seus companheiros, somente este processo pode possibilitar uma
autonomia em relação à dependência física, psicológica, financeira e social que
tinha há alguns anos atrás.
Autoras: Aline, Amélia,
Nerci, Karla, Cleunice, Melissa, Eva, Neoci, Eloiza, Neuci, Adaiana, Sandra,
Cleudimara, Rosiane, Isabely, Eliza, Ana Luíza, Sirlei Angelita.
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